|
Santiago Andrade, cinegrafista da Bandeirantes, morto durante manifestação |
Junho de 2013. Manifestações civis eclodem em São Paulo, Brasil, motivadas, por fim (por TUDO, mas com o limite) por um aumento das passagens de ônibus. Após isto, manifestações no Rio de Janeiro, e em seguida, por todo país.
O brasileiro, delimitado por uma constatação, como "o povo mais pacifista das Américas"; mais certamente, o povo mais despolitizado, e por isso mesmo, menos aguerrido das Américas, agora, provavelmente após um impulso significativo em suas limitações sociais, mais especificadamente, em seu acesso à educação - que não alcançou nem a média do que deveria ser o ideal, mas que certamente avançou bastante dos níveis anteriores aos atuais - agora, não aceita nada menos do que a constatação ao menos, mediana, nos reserva: as condições de vida que agora se enxerga com mais conhecimento de causa; condições de vida que se apresentam mínimas para qualquer povo que se entenda como Um Povo Digno.
Participei de três das várias manifestações que ocorreram em Salvador, Bahia, Brasil, em junho de 2013. Sempre me posicionei claramente em relação às melhoras sociais que eu acredito serem justas e mínimas para qualquer homem, de qualquer nação... da minha também.
Vi algo que me chamou incisivamente a Atenção e que tem relação direta com a Morte do Cinegrafista Santiago Andrade, da Rede Bandeirantes, agora, em fevereiro de 2014:
Quando eu me juntava à massa, mesmo antes, quando eu em organizava para ir às ruas eu estava sempre armado. Armado com a arma mais forte que o homem até agora criou e usou - quando entendeu sua imensa força; a maior de todas: a clareza unida à esperança! Porém vi nas ruas amigos, colegas e também desconhecidos se portando de uma forma igual à histeria coletiva à qual os alemães estavam sendo apresentados após a derrota da Alemanha na 1 Guerra Mundial.
Atitude PESSOAL muitas vezes; atitude coordenada pelos Black
Blocks outras vezes. Não importa! Não sou feito de madeira e não tenho cordas saindo de meu corpo e indo para as mãos ou INTENÇÕES de outros, ou mesmo de Mim Mesmo. Não sou marionete nem de Black
Block e nem da Histeria Alheia, e nem mesmo de Minha Histeria!
Sem contar com a alegria capciosa que os governos de todas as esferas se deleitaram ao ver que, agora então, podem argumentar sua justificativa de CONTROLE MAIOR DE MANIFESTAÇÕES NO PAIS para que casos como ESTE não ocorram mais. Ou seja este caso é um presente que caiu no colo dos governantes para um MAIOR CONTROLE DA SOCIEDADE CIVIL em nome da Ordem e dos bons (?!) Costumes. Desnecessário Presente... Desnecessário...
É preciso SE DIZER Não!! É preciso ir contra os nossos Instintos Animais em alguns muitos momentos de nossa vida e nos dizer NÃO!
|
Hamburgo
em 1936; era nazista; enquanto dezenas de pessoas saudavam
as forças nazistas, August Landmesser se negou a fazer igual. Ingressado no Partido Nazista em 1931, ele foi expulso em
1935, por se casar com uma judia chamada Irma Eckler.
|
|
Foto
se tornou um hit após ser publicada no site "Senri No
Michi", um blog, com o título “Gente comum. A coragem de dizer não”.
|
Incrível ver o comportamento dúbio e até mesmo esquizofrênico de alguns conhecidos, ou não, que, no começo das manifestações, ainda na "concentração", estavam cantando com esperança por melhoras apenas nos olhos, agora, ao meio das manifestações, se inflamavam através da histeria semi-coletiva de alguns outros, se entregando aos exageros próprios da fúria e da irracionalidade; quebrando e atacando TUDO que estava à sua frente, se arriscando e arriscando à vida de outros manifestantes... E à busca das melhoras sociais?? Ah, elas viraram, em muitos momentos, pretextos para que estes, especificadamente, estes, nos apresentassem apenas sua forma de expressar suas frustrações e desvios psicológicos e sociais. Não sou psicólogo, mas é assim que entendo aquelas ações histéricas e assim que vejo esta que matou o cinegrafista da Tv Bandeirantes, Santiago!
Agora
estão presos, Caio Souza e o tatuador Fábio Raposo. São
representados pelo advogado Jonas Tadeu que já deu indícios de sair
do caso. Podia ser qualquer "amigo descontrolado"
meu; podia ser qualquer um dos que se deixaram levar pela histeria coletiva de UM TIPO DE COLETIVO que estava ali presente! Eu e outros escolheram se manter COERENTES à finalidade que os fez sair de casa: a Luta da Idéia contra às Injustiças Sociais!
Lutar sim. Matar não... Se emocionar sim, deflagrar seus desvios psicológicos através do anonimato das multidões, não... E como se dizia na luta da população de Cuba, em sua luta contra o uso desrespeitoso de sua nação pelos Estados Unidos da América:
"É
preciso ser duro; sem
perder a ternura, jamais!" Ernesto Che Guevara
Enfim, abaixo a Carta da Filha do cinegrafista morto pela atitude coordenada ou não pelos Blacks Block, Vanessa Andrade, na íntegra:
"Meu
nome é Vanessa Andrade, tenho 29 anos e acabo de perder meu pai.
Quando
decidi ser jornalista, aos 16, ele quase caiu duro. Disse que era
profissão ingrata, salário baixo e muita ralação. Mas eu
expliquei: vou usar seu sobrenome. Ele riu e disse: então pode!
Quando
fiz minha primeira tatuagem, aos 15, achei que ele ia surtar. Mas ele
olhou e disse: caramba, filha. Quero fazer também. E me deu de
presente meu nome no antebraço.
Quando
casei, ele ficou tão bêbado, que na hora de eu me despedir pra
seguir em lua de mel, ele vomitava e me abraçava ao mesmo tempo.
Me
ensinou muitos valores. A gente que vem de família humilde precisa
provar duas vezes a que veio. Me deixou a vida toda em escola pública
porque preferiu trabalhar mais para me pagar a faculdade. Ali o sonho
dele se realizava. E o meu começava.
Esta
noite eu passei no hospital me despedindo. Só eu e ele. Deitada em
seu ombro, tivemos tempo de conversar sobre muitos assuntos, pedi
perdão pelas minhas falhas e prometi seguir de cabeça erguida e
cuidar da minha mãe e meus avós. Ele estava quentinho e sereno.
Éramos só nós dois, pai e filha, na despedida mais linda que eu
poderia ter. E ele também se despediu.
Sei
que ele está bem. Claro que está. E eu sou a continuação da vida
dele. Um dia meus futuros filhos saberão quem foi Santiago Andrade,
o avô deles. Mas eu, somente eu, saberei o orgulho de ter o nome
dele na minha identidade.
Obrigada,
meu Deus. Porque tive a chance de amar e ser amada. Tive todas as
alegrias e tristezas de pai e filha. Eu tive um pai. E ele teve uma
filha.
Obrigada
a todos. Ele também agradece.
Eu
sou Vanessa Andrade, tenho 29 anos e os anjinhos do céu acabam de
ganhar um pai."