Estava eu esperando o fim de tudo que se relacionasse a esse primeiro processo de realização da peça BRASIL FUTEBOL CLUB - o musical de rua!, que fez parte do Edital Arte em Toda Parte - ano III, da Fundação Gregório de Matos, aqui em Salvador - Bahia - Brasil, para traçar algumas linhas desse processo em que o suor, a decepção, a vitória, o empenho, a insistência e a superação se misturaram num frenesi digno de processos artísticos:
1. Os quais opte por processos "de rua", ou seja, sem um presumível dito "status";
2. Os quais o diretor, este que vos escreve, construa o projeto na Bahia, com profissionais (!) baianos (mais a frente explico a - para muitos já - a óbvia exclamação);
3. Os quais tenha o valor de apoio, em que se pese, a importância de ser APOIO, e isso é de suma importância, porém, como sempre para a maioria dos projetos de artes, e das artes populares, ainda, visto as taxas e impostos vinculados, necessário mais: aporte de capital, ou, menos: taxações e impostos vinculados aos mesmo. Uma coisa ou outra: o que é sofrível são ambas as situações, tudo junto, ao mesmo tempo: CO-RA-GEM! E mesmo, assim, agradecemos a Fundação Gregório de Matos por esse suporte, pois através desse mecanismo deste Edital é que, com toda dificuldade, se fez possível realizar este projeto;
4. Fiz audição publica para 4 dos 6 atores (um foi convidado, e o outro, eu, mesmo o interpretei), o que é maravilhoso do ponto de vista social (distribuir a renda através da meritocracia de uma audição aberta e ampla dirigida abertamente a todos: participaram 48 pessoas), mas o que é digno de preocupação pois não se conhece:
a. a maturidade da ética profissional destes, e,
b. não se sabe o grau de maturidade artística dos mesmos. Como sempre, preferi, com todo risco, realizar a audição aberta e ampla e, por um lado, paguei o preço, e ao mesmo tempo, por outro lado, o projeto foi beneficiado também por isto... Inclusive (fora os critérios de ética profissional e qualidade artística) devido a média da faixa-etária dos atores - relativamente nova (média de 25 anos).
5. Os quais, tal como este projeto, o Diretor tenha saído, de última hora por motivos que são desnecessários aqui, e que, por ser teatro de rua, tal qual acontece com atores, diretores, não se sentem "atraídos" (mesmo com remuneração dígina para a manufatura do mesmo), isso demonstrado com a falta de profissionalismo com eles mesmos profissionais (!) através do descaso a projetos assim descritos: talvez por ser "de rua", talvez "por ser na Bahia", talvez, porque os profissionais não são profissionais o tempo todo - só quando é conveniente... Talvez tudo isto.
6. Os quais Produtores, ou o profissional que for, assuma funções que, de fato, não tenha a condição de fazer por estar envolvido em outras coisas, tudo, e ao mesmo tempo, porque se previsa de dinheiro, mas, ao meu ver, precisamos mais ainda de Profissionalismo e Responsabilidade, sumamente na Bahia, minha terra querida, porém, terra com desvios de conceitos relativos ao que é, De Fato, Trabalhar com Profissionalismo (Respeito DE FATO ao trabalho que se comprometeu);
7. Os quais Produtores, ou o profissional que seja, honre de fato, cada centavo e cada raio de confiança inclinado em sua direção, com atitudes recheadas de compromisso e de detalhes frutos de um a atenção impar, empregada ao trabalho. E isto não deveria nos chamar atenção, mas aqui, em minha terra querida e maltratada pela doença do profissional Hippie (desprovido de senso de urgência, desprovido de senso de responsabilidade DE FATO), e provavelmente em outras cidades também, infelizmente, chama a atenção dos presentes.
Enfim: com tudo de benéfico e com tudo de inútil de se carregar nesse tipo de viagem (Teatro/Arte de verdade), começamos em janeiro de 2016 este projeto Brasil Futebol Club - o musical de rua!, com audições, e em fevereiro com os ensaios propriamente ditos (ensaios de 22 de fevereiro a 21 de abril). Em 22 de abril estreamos!
Projeto Itinerante, que, basicamente tinha apresentações em 4 bairros diferentes de Salvador, em 4 fins de semana diferentes (Campo Grande, Pelourinho, Cajazeiras 8, e, Plataforma).
Participaram desse projeto:
Ednei Alessandro - Diretor, Ator, Produção Executiva e Autor
Franklim Gentil, Renan Mota, Karla Crislaine, Rafael Charrete, e Ive Carvalho - Atores/Atrizes
Rhenato Flawer - Acessoria de Voz
Evertom Barbosa - Assessoria de Corpo
Yoshi Aguiar - Cenografia
Jéferson Bispo - Figurino
Indaiá Oliveira e Edilton Santana - Produtores
As Lutas...
Luta para conseguir local para apenas as audições em dois dias...
Luta para conseguir local para ensaiar EM PAZ, E COM RESPEITO - difícil de achar se se faz questão desses dois valiosos elementos...
Luta para, em se achando o local apropriado - muito apropriado, diga-se de passagem - nós criadores (Diretor, Produtor, e Autor do texto e das Músicas), e co-criadores (Cenógrafo, Figurinista, Produtores e Atores)
justificarmos com o im-precisso e muitas vezes etéreo PROFISSIONALISMO essa dádiva de encontrar finalmente um local apropriado em condições apropriadas, justificar o TRABALHAR de forma Direta e Incisiva, Sem a "Cara Feia" e Má-Vontade que, apenas refirma nossa imaturidade profissional, Sem Desculpas, Sem Atalhos que nos levam a lugar Nenhum a não ser ao Confundismo Vazio e Inútil da Procrastinação da cena e da interpretação, etc.
Luta para que, mesmo sabendo que editais tem prazos para se realizar os pagamentos finais, ainda assim, tentar fazer esse pagamento final em final de junho (começamos a trabalhar em fevereiro e a peça acabou 20 de maio), pela necessidade de todos e principalmente para os que trabalharam, desde o começo, mesmo sabendo dos prazos médios para pagamento de editais, TENTAR, fazer com que saia o mais rápido possível para os envolvidos no evento.
A Luta para que PRAZOS sejam cumpridos, mesmo que com alguma flexibilidade, mas aqui, "alguma flexibilidade" trona-se TODA flexibilidade, fazendo prazos se tornarem brincadeira de pique-esconde entre a Responsabilidade e a Irresponsabilidades destes Inimigos do profissionalismo.
E por fim, e não menos importante, o Fato "Mágico... Surreal... Curioso..." de, mesmo após ter conseguido, em fim os valores devidos aos envolvidos, mesmo assim, existir a dificuldade de, em local Central e de fácil acesso, entregar os valores a estes, por dificuldades, as vezes nem tão justificáveis, destes.
Valeu a pena?
Valeu Sim, porque mesmo com isso tudo, mesmo assim: É Arte; é criação ora dificultada por uma possível imaturidade, ora belezas inspiradoras também, presumo, devido a essa mesma imaturidade, e/ou a momentos de competência mesmo que todos nós temos, ora por mais tempo, ora por menos tempo, mas sempre temos, e a inteligência está em Fazer esses momentos de competência se prolongarem, vulgo, concentração e profissionalismo canalizados ao trabalho, e não apenas quando ""se está afim de fazê-lo"".
Mais um aprendizado, para mim, e acredito para todos que participaram deste projeto que, ao meu ver alcançou seu intuito de PROVOCAR O PENSAMENTO DO ESPECTADOR DA ARTE DE RUA, PARA QUESTÕES RELATIVAS AOS SEUS CONCEITOS. DE SEUS PRÉ-CONCEITOS, E CONSEQUENTEMENTE, ATRAVÉS DE UMA CONTRIBUIÇÃO NA RESIGNIFICAÇÃO DE SEUS VALORES,
utilizando-se para isto o Humor, a Música e o Escárnio presumidamente Inteligente.
Colocamos a cara no Sol e Fomos! Como diz meu querido pai: "Vim, Vi e Venci". Acredito que Viemos, Vimos e Vencemos, e, se podermos atentar para nossos erros e acertos DE VERDADE, SEM DESCULPAS OU CAMINHOS VAZIOS, venceremos muito mais.
Um Texto, modéstia a parte: Inteligente e Incisivo, leve e atroz, fez alguns sorrirem, alguns pensarem, alguns até mesmo Agradecerem ao final da peça - "Muito Obrigado por esse texto. Eu estava Precisando ouvir isto!"
Um Dragão Masca-Lua que nos mastigou junto e nos misturou na saliva fresca e ardida, seca e sonhadora desse sonho que se chama arte. Agora nesse projeto, ARTE DE RUA, Musical de Rua!
Assim foi BRASIL FUTEBOL CLUB - o musical de rua! pelo menos em minha recentíssima memória presencial
EVOÉ, meu Báco !!!
Ednei Alessandro
7 de julho de 2016